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Evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, prevê pesquisador

Os evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, segundo uma nova projeção baseada no Censo de Religião 2022 do IBGE div...

Evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, prevê pesquisador
Evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, prevê pesquisador (Foto: Reprodução)

Os evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, segundo uma nova projeção baseada no Censo de Religião 2022 do IBGE divulgado na semana passada.

O demógrafo José Eustáquio Alves, professor aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, prevê que a substituição do catolicismo pela fé evangélica como a principal religião do país deve sofrer um atraso de 17 anos.

Com a nova taxa de crescimento evangélico – de 5,2 pontos percentuais entre o Censo de 2010 e o de 2022 – e a de declínio católico – 8,4 pontos percentuais –, a transição religiosa do Brasil deve acontecer mais tarde do que antes projetado, apenas em 2049.

Antes dos dados do Censo 2022, Eustáquio calculava que a mudança aconteceria em 2032

"Pela minha projeção anterior, a Igreja Católica iria perder de 7 a 1, de goleada. E acabou que a Igreja Católica perdeu por 1 a 0", exemplificou o demógrafo.

José afirmou que a diferença entre as suas duas projeções acontece porque o Brasil passou 12 anos sem ter dados do IBGE sobre religião. Ele ainda observou que é possível fazer uma projeção e não uma previsão.

Para o professor, as taxas anuais do crescimento evangélico e da queda do catolicismo seguirão parecidas nos próximos anos.

"Ninguém sabe o que vai acontecer no futuro. Pode mudar tudo. Agora você tem de fazer alguma hipótese, então acho que é uma hipótese razoável. Se vamos supor, vamos supor que essa tendência de 2010 a 2022 se mantenha", observou.

Conforme o Censo de 2022, 26,9% da população brasileira é evangélica. O número representa um crescimento de 5,2 pontos percentuais, abaixo da taxa de alta de 6,5 pontos registrada entre os censos de 2000 e 2010.

Aumento de “desigrejados”

É a primeira desaceleração na tendência de crescimento evangélico desde os anos 1960, de acordo com o IBGE.

Sobre a suposta desaceleração, Eustácio avalia que o fenômeno pode ser explicado pelo aumento dos “evangélicos não praticantes”, conhecidos como “desigrejados” e também fatores técnicos do último Censo.

"O Censo 2022 foi muito problemático", disse, citando os atrasos devido à pandemia (o Censo deveria ter sido realizado em 2020) e a falta de recursos.

Por exemplo, o IBGE chegou a rever seus dados sobre o número de habitantes do Brasil. Pelo Censo 2022, o país tem 203 milhões de pessoas. Entretanto, em 2023, uma nova projeção indicou 210,8 milhões de pessoas.

"Obviamente, essas pessoas não foram entrevistadas. Então é preciso fazer estudos melhores para saber se essa falha de cobertura afetou esses números", concluiu José.

Evangélicos continuam avançando

Apesar do crescimento ter sido menor em relação às décadas anteriores, o cristianismo evangélico continua avançando, principalmente entre os jovens.

Em 2022, 47,4 milhões de brasileiros se declararam evangélicos. No grupo, as mulheres (55,4%) são maioria, enquanto 44,6% são homens. Em relação à cor, a maioria é parda (49%).

Por regiões, o Norte tem a maior parcela de evangélicos (36,8%), seguido pelo Centro-Oeste (31,4%), Sudeste (28%), Sul (23,7%) e Nordeste (22,5%).